sábado, 25 de dezembro de 2010

Escada

Eu estou com medo de mim.
Eu me sinto escolhendo errado, indo adiante como se fosse só um sonho e não houvesse problema em arriscar considerando viável qualquer risco pela recompensa do cofre de moedas do tio Patinhas. Eu estou sendo miserável, me contentando com migalha, me traindo e todos me dão parabéns.
Essa é a minha prova?
Quando é a hora de parar de mentir pra si mesmo?
Eu realmente preciso passar por isso?

Hoje eu estou com medo. Parece por pouco, mas eu não estou respeitando a minha intuição. Rezo muito para que Deus me guie.

Quando eu fico triste tenho sono.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Metamorfose

Engraçado estar tão no meio do nada e se sentir seguro assim.
Não pensar muito no objetivo e viver a construção é algo muito concreto para me dizer respeito, mas tem acontecido.
É claro que me dá medo. Dá medo principalmente porque isso me indica mudança e eu não sei migrar. A minha zona de conforto é tão instável e meu amor é tão sólido... Então por que não? Por que não se perder?
Meu corpo tem mudado. Meu jeito de falar tem mudado e ao meu redor tudo tem mudado. Faltam duas semanas, e me sobra a vida toda. Faltam poucas horas para o dia acabar e eu tenho lições a aprender e deveres a cumprir que não cabem no tempo.
Mas e se a hora for essa? Eu me sinto segura, eu me sinto forte e pronta para abrir mão e ao mesmo tempo me agarrar mesmo sem saber a que.

A gente precisa mesmo de sinais para ter coragem? É isso que faz a gente mudar?
Eu tenho medo de perder o meu momento mas todas as vezes em que eu deito em algo que me retoma na zona de conforto, eu sei que só eu posso fazer a minha hora, e eu posso ter inúmeras. Eu posso mudar e recuar e arriscar sempre!

Faz tempo que eu não choro como precisaria ter chorado e por não conseguir me pergunto se algo maior virá para desaguar.
Eu sinceramente não sei se tenho dado o melhor de mim. Provavelmente não e não quero me enganar, nem pro bem e nem para o mal.
Isso me faz pensar nos nossos limites, e no que descobrimos quando decidimos deixar o que for senso comum para confiar em nós mesmos. A gente tem que se reconstruir. A gente tem que começar tudo mesmo que algumas peças já estejam um pouco gastas e criar algo novo. Pra mostrar que não existe lixo, pra se reinventar.

Grão de amor

"Me deixe sim
Mas só se for
Pra ir ali
E pra voltar

Me deixe sim
Meu grão de amor
Mas nunca deixe
De me amar

Agora as noites são tão longas
No escuro eu penso em te encontrar
Me deixe só
Até a hora de voltar

Me esqueça sim
Pra não sofrer
Pra não chorar
Pra não sentir

Me esqueça sim
Que eu quero ver
Você tentar
Sem conseguir

A cama agora está tão fria
Ainda sinto seu calor
Me esqueça sim
Mas nunca esqueça o meu amor

É só você que vem
No meu cantar meu bem
É só pensar que vem
Láia laia

Me cobre mil telefonemas
Depois me cubra de paixão
Me pegue bem
Misture alma e coração".

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Des Esperar.

- Eu não sei onde você quer chegar com isso
- Não, mas eu não sei também.
- Mas se tem sentido para você, vai em frente oras!
- Eu não sei se tem sentido.
- Como não?
- Difícil perceber o que é um obstáculo a ser superado e o que é um sinal de que você deve pegar outra rota.
- Você precisa confiar em si mesma.
- Eu mesma não confio em mim. Eu sei que eu mudo de ideia fácil.
- Você se apega?
- Não.
- Tem certeza?
- Não.
- Não queira ter todas as respostas.
- Eu não quero.
- O que você quer? Você sabe?
- Não.
- Isso te preocupa?
- Eu quero ter as perguntas certas.
- Sabe que nem tudo é fechadinho né? Nem tudo é conto de fadas.
- Não sei não.
- Você pensa o que meu bem? Você acha que as coisas caem do céu?
- Eu penso que se caírem eu preciso estar de braços abertos. Mas eu vou trabalhando... E olho pra cima.
- Não te cansa esperar?
- As vezes.
- E o que você faz?
- Caio em desespero. Respiro e espero.
- Você só espera né?
- Não!! Eu luto! Mas se eu não espero me desespero.

Eu me sinto como uma máquina quando devo simplesmente agir. Sem apostar minhas fichas seguindo uma intuição. É preciso mais que isso para ir em frente? Se sim, até quando eu aguentarei? Se não, qual o próximo passo?
Eu sairia correndo daquela sala e assopraria forte, vedando os lábios com o dorso da mão, criando uma pressão forte suficiente para fazer o aço inóspito de sensação térmica duvidosa saltar para fora da garganta, e aliviar o peito. Eu teria, mas não fui.
É isso que me falta? É o que me falta para me libertar? É o que me falta para adquirir o carimbo da loucura? Ou eu deveria voltar? Voltar para dentro e comprimir o aço? Encurvar o corpo todo para dentro e me guardar em uma concha?
Sei que o aço tem surgido com frequência e eu até percebo um contorno curvilíneo na minha nuca que indica a tomada pela segunda opção. Mas sei que num lapso de segundo isso se transformaria pois a compressão também gera pressão, e mudar de atitude pode mudar o entorno.
As vezes a angústia passa. Fica o medo dela voltar e a esperança dela cessar.

domingo, 12 de setembro de 2010

Epifania

É isso que eu sou. É assim que imagino viver e a única maneira de se viver. Eu estive dentro de mim como se este fosse não obviamente o meu lugar! Eu sou isso! Eu amo e sou grata a todos, e sou grata a mim e tento levitar para agradecer a Deus. Este é o meu lugar e não importa muito todo o resto, ou importa tudo, e eu sinto o mundo girar dentro de mim. Eu sinto a criança nascer, eu sinto a criança andar, eu sinto as primeiras palavras, o primeiro dia da escola, a primeira namorada, o primeiro dope, o primeiro emprego, meu carro, minha bolsa, a gelatina, a fábrica, a máquina, as roldanas, a fumaça, a faxina, a melancolia e a epifania. Eu soube o que é tudo e eu vivi tudo isso e amei cada segundo com a certeza de que pode durar mais que isso e eu não preciso temer o fim porque isso só se vai quando eu me for.
Eu não suporto toda essa leveza e eu quero tudo para mim, eu quero tudo em mim e eu quero transbordar porque não cabe em mim tanta alegria. Eu quero inaugurar uma fonte porque eu não posso dar só amostras grátis e causar fissura.
Eu me apaixonei pelo que eu senti e preciso desesperadamente encontrar a fonte, porque toda, e nenhuma e qualquer palavra é boa o bastante e eu sou amadora, principiante e leiga mas não posso encontrar um ponto final nisso.
Eu não sei o que faço com esses limões que por muita sorte acaso e destino pararam em minhas mãos, mas carregá-los me dá a certeza de que ainda há o que buscar e de que há uma fonte inesgotável, porque minha intuição me guia cegamente e meu coração está insaciável.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Mito

Eu não saberia dizer o quanto tenho em mim do que eu gostaria de ser, e o quanto disso é visível.
Você me vê? Você realmente sabe quem eu sou?
Eu posso ser apenas o que você deseja, eu posso parecer apenas o que te convém porque é isso que eu faço também. Eu não vejo seu defeito.
Eu tenho aceitado muito pouco de todos nós. Eu tenho cobrado e voces tem me cobrado muito mais do que eu devo dar, ainda que eu seja capaz de dar mais sempre. Eu sou mais capaz que isso.
Eu mereço coisas maiores. Eu não posso ser tão pouco.
Eu vou e volto. Eu cresço e diminuo e deixo me levar, mas não vale a pena sempre. Nem toda dor vale a pena, e algumas coisas provam isso, mas eu não fico parada. Muitas vezes eu me mexo demais.
Não me deixa parar de crescer. Me coloca num lugar seguro mas que eu saiba que está certo. Eu tenho medo de sentir pra sempre, eu tenho medo de não sentir. Eu tenho uma vontade que é diferente de fome e eu perco coisas do passado. Eu não sei encaixar essas peças e não tenho tempo de perder esperanças. Isso vai além da roupa ou do corte de cabelo que combina mais comigo agora. Eu confundo a minha alma.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Corso

Tenho visto carros e pessoas que se comportam da mesma forma, e não acho que eles tenham culpa. Vejo dessa forma porque ao entrar e ao sair daquela sala as impressões mudam e quando eu comparo os dois extremos me sinto muito frágil e muito agressiva. Eu sou mais brava que pareço, eu sou muito mais forte que pareço e não sei porque deixo parecer outra coisa afinal. Sei que me enganar, em diversos aspectos não faz de todas as coisas mais leves ou mais perfeitas para mim.
Eu não sei pra onde estou indo, mas estou indo com minhas próprias pernas seja para a angústia ou para vitória. E quem disse que não pode ser os dois? Até hoje um tem feito com que eu perceba o outro e reconheça o que é estar em diferentes lugares ao mesmo tempo.
Estou muito dona de mim e passei a não ouvir com o coração certas palavras doces que envolvem uma verdade cinica e um pouco pretensiosa embora meus ouvidos ainda percebam esses sinais. Outras coisas eu ainda não sei controlar, e nisso eu também me pareço com os carros. Mas há vantagens em sermos carros!! Só é preciso controlar a velocidade, calibrar bem os pneus e usar as medidas de precaução, deixando o air bag apenas para a pior das tragédias. O ar condicionado fica para os momentos de necessidade. O que eu quero é abrir os vidros e sentir o vento, ouvir o barulho e arriscar um pouco também, porque a surpresa pode mudar meu rumo e eu estou pronta para isso.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

.No peito

Quanto a gente aprende com a dor?
Qual o componente da dor que nos faz crescer? É o desespero? É o queimar ou é a raiva?
Porque na dor se sente raiva. Raiva de si mesmo, insulto a própria alma e de tudo que for inanimado e não tem culpa.
Eu sei da dor e sei que se aprende com ela, mas tenho aprendido a ver menos a beleza e não sei o quanto isso me engrandece. Eu sei que isso me dá mais dor, e se na dor se cresce mais eu posso ser gigante? Eu sou arranha-céu.
A dor é só sua. Ninguém a sente mas a sua vontade de gritá-la para o mundo ultrapassa os limites da derme, ultrapassa os limites dos ossos e do sangue e dos pêlos. Ela cresce para dentro e a vontade de gritar é uma tentativa de tirá-la do útero. Porque ela dói profundamente. E ela dói protegida, porque aparentemente nada parece ferí-la, como num útero.
A gente gera a dor. A gente cuida dela, a gente cria expectativas sobre ela. O que será a dor? É menino? Com quem se parece mais?

Por que é que o meu coração fica tão desprotegido e tão alcançável enquanto a dor fica quentinha e segura? Por que é que me dói se eu finjo esquece-la?

Eu me preocupo e tenho medo da dor pensar que eu a amo por amar tantas coisas. E se isso a fizer crescer?
Eu preciso parir a dor, mas eu não posso coloca-la no mundo.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Spark

Eu não espero transformações ao meu redor e com minhas patinhas de joaninha modifico o que posso.
Desfaço o não feito porque começo sempre do zero, que o zero eu sei onde começa. O mal feito eu sei onde termina. Do resto não sei muito mesmo, e não tenho vergonha de transparecer que ainda não sei do melhor de mim. Não sei nem que cor que fica melhor e qual corte de cabelo combina. Não sei do tipo de música nem do estilo de filme mas sei o que não me agrada, as vezes descubro na hora, mas de cara, sei bem o que não me agrada embora permaneça de coração aberto, porque eu posso modificar o que eu vejo. O que eu vejo não se modifica sozinho. Sei sobre uma qualidade nova e meus defeitos são cobertos de entornos e situações, mas não de desculpas.
Eu me importo o tempo todo, mesmo quando não interessa.
Eu faço coisas velhas do jeito novo que penso que sei fazer, e eu me sinto menor porque ser novo, até explodir, é ser menor.

domingo, 30 de maio de 2010

Não entra no curriculo.

Por que não saber o que fazer parece tanto como não saber quem se é?
Hoje eu não quero falar mais nada.. eu quero só entender porque isso é tão parecido, e saber essas coisas precisam ser tão dependentes. Eu não aceito ser meio feliz e eu me vejo mudando e não é espontâneo. Eu me sinto boba por me adaptar, eu me sinto mais gorda tendo emagrecido, eu não gosto daquela roupa, eu não gosto daqueles termos.
Eu falo sobre coisas que não quero falar e finjo me importar e acreditar que isso funciona quando na verdade eu não me importo e ao mesmo tempo pessoas me fazem bem.
Meus pacientes me fazem sentir parte do que eu quero ser e eume sinto tão rica! Mas o que eu posso dar é muito menos do que eu quero dar e isso me lembra a lei do mínimo esforço. Eu não vou dar o mínimo e esse máximo me parece muito pouco. Será que estou vendo pelo lado dos estúpidos? Será que sou do time dos burros ou então dos pessimistas? Juro que tento não ser mas a minha esperança e meus sonhos tão persistentes parecem indicar que o caminho é esse.

Eu tenho medo e rezo pra isso não impedir que eu seja boa porque eu posso ser.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Control

Era uma vez uma menina que levou um choque quando criança, levou um choque na pré-adolescência e outro pouco tempo depois. Uns meses atrás levou mais um, e agora ela é um pouco mais cautelosa, embora chegue perto das tomadas e encoste nos interruptores. Embora ela abra a geladeira puxando pelo cantinho desencapado da geladeira, e sem chinelos. Embora ela ligue o chuveiro forçando o dedo cortado contra a torneira. Ela costumava brincar com o cachorro o tempo todo, e coçava a barriga dele porque isso parecia deixá-lo feliz, aliás como é feliz deixar alguém feliz sem precisar dizer nem ouvir nada! Mas um dia o cachorro num lapso de transtorno da mente canina virou num movimento rápido e brusco e a mão que coçava a barriga em poucos milésimos tornou-se petisco pro animal! Mas foi só um petisco, coisa que manicure desatenta faz no nosso dedo. A Denise (é esse o nome dela) ainda gosta do cachorro e joga o brinquedinho lá longe pra ele buscar e trazer de volta. Na hora de afagar a barriguinha, ela afaga, mas bem pouco e bem rápido para evitar quaisquer pormenores. Tudo isso pra dizer que a Denise ama o cachorro, ama a eletricidade e agradece todo dia por ela, mas tem medo das duas coisas. Tudo isso pra dizer que se um dia o cachorro morder ou ela levar outro choque, não a façam sentir burrinha. Não a façam se arrepender e por favor não digam "eu te avisei". Porque a Denise pergunta muito e pede opinião, mas é só porque vocês são importantes na vida dela. Ela pergunta as vezes pra se organizar, mas ela sabe o que faz. Ela não é burrinha e é dona de si própria.
Pensar em ser dona de si própria dá medo na Denise do mesmo jeito que o cachoror que ela ama, do mesmo jeito que a eletricidade indispensável, e vale a pena uma mordidinha, vale a pena um "brrrrrrr" na ponta dos dedos.

domingo, 16 de maio de 2010

"Não existe não morrer um pouco quando você chega."

Eu vago na vida.
Passo por ela e quem ve pensa as vezes que minha concentração no livro ou na arrumação do quarto me impulsiona. Quem olha acha que eu decidi quem vou ser quando crescer, e que meu jeito de fazer piada vai crescer comigo e minha risada vai ficar mais elegante.
Eu quase não tenho tomado água e minhas pernas são tão moles que doem quando eu pulo porque pulam sem sincronia.
Será que eu espero demais? Será que eu exijo demais?
Pensar nas etapas as vezes conforta, as vezes não. Ninguém aqui toma atitude. Ninguém perto de mim. Isso é normal?
Eu quero sentir mais vida que hoje, por exemplo.
Criança tem mais vida só porque tem mais tempo pela frente ou velhinho tem mais tempo porque o tempo de trás ja é todo dele? A criança se cansa rápido e o velhinho ainda tem sonhos.
Não se morre na praia. Não se nada em vão.

Qual o medo afinal?

O prazo

E se você soubesse do tempo que tem pra ser feliz?
Mesmo que fosse só 15 minutos, mesmo se fosse um dia, mesmo se fosse a vida toda. Se você soubesse quanto tempo tem pra ser feliz, pra sair de perto da gente chata, pra dançar do jeito que gosta, pra tirar o sapato que machuca e ter o corpo que quer. Pra estar com gente bonita, com gente que sorri e fala coisas engraçadas sem ninguém perceber. Eu procuro um propósito mas eu não ando reto. Eu presto atenção no caminho porque acho difícil ter um destino brilhante se eu andar no caminho cinza com cheiro de doce.

Eu tenho amor em mim, eu tenho coragem e força mesmo quando estou cansada e um pouco feia. E quando o propósito é meu, quando é o meu sono, quando é a minha saúde, quando é o meu trabalho pra mim mesma, vale a pena. Mas eu quero deitar no colo, eu quero me cobrir e tomar leite quentinho pra esquentar o coração.

E a dor e o descanso é mesmo só você quem faz, e nos dois casos eu me sinto só.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Caleidoscópio dos olhos

Desculpe não te enxergar quando você está ao meu lado
Desculpe se as vezes confundo a angustia com o que devia ser alegria.
Hoje foi como alegria que voce esteve, e ali eu quis sorrir, ali eu quis chorar. Eu te senti e você era alegria.
Não importa que tenha sido lá, na verdade devia ser lá desde sempre.
Eu não me deixo odiar. Hoje eu te escutei e você foi doce, e você é um pouco dela, você é um pouco dele, você é um pouco dessa música. Você é um pouco dessa música, um pouco dessa lágrima ou essa lágrima toda. Você é o fim de semana que eu planejo, você é esse sonho que eu tive um dia e qu eu me lembro muito bem.
E amor é isso? Amor é verde? Amor não deixa falar?
Onde você leva o que eu pensava? De onde você traz essa sensação?
Se eu vivesse o tempo todo com ela possivelmente flutuaria.
Que essa linha me deixe segura, ou se for pro bem, que ela arrebente.
Por favor não vá embora de vez. Ainda que precise ser dessa forma, ainda que as vezes doa, hoje valeu a pena. E eu queria jogar corações pro alto, pintar flores nos pés de todos os médicos, abrir meu estômago, trocar o barulho do caminhão, colocar meus óculos nela.
Eu não sei quanto tempo dura, eu não sei se vale a pena que dure porque o que me completa é tão diferente e tão distante do que eu pensei. E diferente é bom. Eu mereci?Eu que me dei? Isso me assusta, mas vale a pena.

sábado, 3 de abril de 2010

O que eu sei sobre fazer parte de mim.

Ser mais simples não é ser mais burro.
Usar menos palavras e repeti-las não é saber menos palavras. Incertezas não determinam confusão, mas sim mostram a vontade de acertar. A saudade de sentir é se importar. A vontade de querer é se importar. A verdade ainda que um tiro na própria testa é se importar.
Eu não tenho pena, eu tenho amor. Eu não tenho rancor, eu não tenho parâmetro e não tenho dúvida de que eu tenho amor.
Tudo que eu dou é seu, ainda que a gente divida. O que ainda é só meu? Eu cuido também do que for seu, nãovou quebrar, não vou deixar nada acontecer com o que você confia a mim. Eu não quero ser a frase triste do texto, mesmo se eu errar, porque errar pro bem pode ser acertar. Não pode?
Pode ser transitório e sempre pôde, mas agora com sono eu conversaria a noite toda, ouviria a história e projetaria na minha cabeça a planta do seu condomínio da infância pela milésima vez, e isso me faria sentir saudade mesmo a um palmo de distância, porque sempre é possível ficar mais perto, ainda que esteja dentro, e eu gosto da chance de matar essa mini distância.

Não tenha raiva de mim. Não fique triste comigo, não se incomode, não se envergonhe, não pense que sou cruel. Não se defenda de mim porque é como se eu mesma não me aceitasse. É como se o meu braço não respondesse e isso torna tudo mais difícil. Porque acho que a gente sabe tão bem um do outro, que me dei conta que mudar só pode ser bom, só pode ser pro nosso bem, e no momento que eu não me vejo, e eu sei que posso esperar que você me veja por mim.

Eu apaguei um texto uma vez mas fiz uma canção, porque eu te vejo só no que é bonito. No mundo real as vezes voce pode até ficar feio e ser mais humano por errar, mas dentro de mim você vai continuar no palco.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Dê nome a loucura que ela deixa de ser

Eu tenho que pensar nisso agora? E decidir e supor e imaginar como vai ser na hora em que acontecer? E se ele colocar na boca o jogo que eu fiz com papel canson? E se ela jogar de novo meu pintinho pra fora da janela? Não dá pra toda vez eu abrir a porta da sacada. Ela pode cair, ela pode escorregar, e meu pintinho com certeza não vai resistir muito tempo. Hoje foi a chuva, amanhã pode ser um pintinho sem patinhas e nessas ocasiões um pinto sem pata é como um pato sem... Na verdade nem me importa um pato sem pinto, e nem é esse o nome, é um rolinho.. ou é o do porco que é.
Se eu não consigo planejar e assegurar uma resposta minha logo para amanhã de manhã, que prepotência é essa de pensar que eu posso garantir algo pra segunda a tarde? Como se fosse tarefa branda planejar os próximos anos ou décadas. E eu aceito essa missão como tenho me disposto a outras coisas, mas tudo é claro, a longo prazo e se chegar talvez eu grite se chegar talvez eu não tenha terminado ou não esteja pronta. Mas eu estarei, eu já estou pronta pra mim.
Talvez eu não esteja pronta para vocês, ou vocês não estejam prontos para mim. Não vou atrair toda a culpa mas não vou me ausentar dela. Tem muito mais a ver comigo, tem um pouco a ver com mascaramento e isso é algo a se pensar e como tantas outras coisas talvez eu não me lembre na hora que precisar.

Mudei pra 60, tá igual, mudei pra 70, tá igual, mudei pra 80, tá igual. Você mudou pra 50, mudou! mudou pra 40, mudou de novo! Mascarei a via aérea mesmo então! eeeeeeeeee!!! (Uma orelha sempre depende da outra, e a óssea sempre ajuda)
Você esquecerá que ela existe, provavelmente só vai lembrar quando tiver um super gap e alguém fizer sua audiometria. Sua aérea responde em 55, mas sua óssea ta lá, em 15 por você.

Aquele moço hoje realmente deixou Deus comigo quando o ofereceu a mim. Quanta generosidade! E eu dei um bombom para a garotinha, ainda fingi que era bolo.
Tenho medo de que algumas coisas nunca mudem, tenho medo de que outras coisas mudem mas as vezes é o que falta pro mascaramento ser efetivo e ai a sua orelha não responde pela minha, e talvez minha audição piore mas a gente descobre meu limiar. É como se fosse só um desenho pra ilustrar e confirmar a sensação.

Eu ri porque eu entendi que tinha algo do amor naquele teste. Aquele era meu riso de quando eu sinto o amor.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Dos ciclos e dos espirais

Ela se olhava no espelho todo dia de manhã e era como se todo dia fosse a manhã anterior. Não sabia porquê, mas era sempre igual a manhã anterior. Nunca como a manhã seguinte.
E planejava todo dia antes de dormir, que na manhã seguinte seria diferente. Seria o depois de amanhã refletindo no presente. Seria como fazer algo com um objetivo à frente. E seria como sempre deveria ter sido, e ela se encontraria e viveria numa bola de neve gigante que cresceria a cada dia. Ela sentiria muito muito calor porque tinha (e de fato tinha mesmo) o coração e as palmas das mãos e as solas dos pés quentes, mas contra toda a física e o desfiladeiro, a bola de neve cresceria, e a seu lado todos os galhos de árvore e as pedras e as lombadas não fariam diferença, porque a bola dela seria tão grande tão grande, que absorveria todo e qualquer impacto. E ela ficaria com dor na barriga de tanto rir, porque se tem algo que ela gosta e sempre gostou, é girar sem parar mas mudando de lugar, por isso preferia os cadernos em espiral, mas gostava de cadernos em geral. Todos os dias ela planejava acordar nova, e isso era suficiente pra dormir respirando fundo e sem se mexer muito na cama, e embora ainda não tenha conseguido acordar e já de manhã se enxergar no amanhã do espelho, seu coração já é quente, suas mãos e pés tambem, ela já tem o caderno em espiral e sorri mais quando gira, mesmo que no chuveiro. Afinal ela já vai dormir, e amanhã pode ser que ela se enxergue na quinta-feira, assim simples pra começar, até a bola ficar maior.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Das diferentes formas de ver mudanças

Abrir novas portas, vasculhar o ambiente antes mesmo de encostar em qualquer móvel.
Abrir a janela, a geladeira, o armário do banheiro. Ligar a tv, fingir relaxar no sofá e aos poucos desfazer as malas, pregar quadros nas paredes, trocar os móveis de lugar, acrescentar itens na estante, deixar os sapatos na sala.
Ouvir sua música favorita e cantar bem alto!
Discretamente sentir-se em casa, sorrir pro espelho. Estar em casa.

sábado, 30 de janeiro de 2010

.Tempo e espaço

Durante muito tempo eu achei que meu lugar fosse o meio. Achei que seria a estrada, achei que seria o ônibus e de alguma forma a hora de arrumar a mala, mas já não dá pra fazer assim.
A gente conquista o nosso lugar, porque por mais que o lugar nos conquiste antes, ele por agora não precisa tanto da gente como a gente precisa dele, afinal ele sempre existiu e pessoas extraordinárias fizeram questão de estar lá.
No futuro vai ser diferente, o meu nome fará diferença por lá. Minha marca será fundamental para o progresso das coisas inacabadas e das histórias mal resolvidas. Mas por enquanto é assim, e já passa da hora de me permitir amar, de me permitir dormir mais ou decidir acordar antes. Já passa da hora do lugar me amar também.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A ponta da corda


Eu não entendo certas coisas mas me espanto quando as vejo se refletindo em mim.
Qual o sentido em trabalhar mais, construir uma casa maior, comprar outra TV e comprar ração saudável para o cachorro se num balanço da última semana não se sente paz?


Eu não sei muito da vida e eu idealizo coisas. Meu maior sofrimento é algumas vezes não ter um objetivo nítido e não ser tão organizada quanto deveria. Mas eu não gosto da inércia e embora meu corpo esteja flácido e meu cabelo um pouco palha, tem que haver um instante em que há no mínimo uma virgula. Seja um fim de semana, seja uma tarde livre ou um banho beeeeem fresco com sabonete feito de pepino e hortelã.

Nunca me apeguei a certas coisas, e bato o pé até o fim pra afirmar que não precisaria disso. As vezes sinto que a gente nem se conhece muito bem pra falar a verdade.



Quando eu não me sinto bem aqui, eu sento no quintal e converso com o cachorro. Acho que perder isso mata uma célulinha da paz e uma do conforto.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Show them how cute you are

O que é preciso mudar pra saber que lugar é o meu? Eu deixo de sentir algumas coisas, eu passo a reconhecer coisas em mim, e aceito com naturalidade. Lembro de algumas coisas como se fossem mais comuns do que realmente são
Viajar s
ozinha até nao parece má idéia, mas algumas coisas a gente só sente quando compartilha. Eu não estou perdendo minha sensibilidade, mas penso que ela é mais secreta agora. E mais frágil, então se esconde.
Não deixem de gostar de mim, eu vou me esforçar mais. Mas se perder o que eu tenho, talvez estrague.


(Estrague pra quem?)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A importância de encontrar o que se ama

Se frustrar defendendo algo em que a gente não acredita é muito ruim. É como se estivesse sentada na torcida do time que tá perdendo, fingindo torcer pra ele enquanto do outro lado da arquibancada os seus companheiros vibram com mais um gol.

Eu vou encontrar, e não será tarde.