sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Dê nome a loucura que ela deixa de ser

Eu tenho que pensar nisso agora? E decidir e supor e imaginar como vai ser na hora em que acontecer? E se ele colocar na boca o jogo que eu fiz com papel canson? E se ela jogar de novo meu pintinho pra fora da janela? Não dá pra toda vez eu abrir a porta da sacada. Ela pode cair, ela pode escorregar, e meu pintinho com certeza não vai resistir muito tempo. Hoje foi a chuva, amanhã pode ser um pintinho sem patinhas e nessas ocasiões um pinto sem pata é como um pato sem... Na verdade nem me importa um pato sem pinto, e nem é esse o nome, é um rolinho.. ou é o do porco que é.
Se eu não consigo planejar e assegurar uma resposta minha logo para amanhã de manhã, que prepotência é essa de pensar que eu posso garantir algo pra segunda a tarde? Como se fosse tarefa branda planejar os próximos anos ou décadas. E eu aceito essa missão como tenho me disposto a outras coisas, mas tudo é claro, a longo prazo e se chegar talvez eu grite se chegar talvez eu não tenha terminado ou não esteja pronta. Mas eu estarei, eu já estou pronta pra mim.
Talvez eu não esteja pronta para vocês, ou vocês não estejam prontos para mim. Não vou atrair toda a culpa mas não vou me ausentar dela. Tem muito mais a ver comigo, tem um pouco a ver com mascaramento e isso é algo a se pensar e como tantas outras coisas talvez eu não me lembre na hora que precisar.

Mudei pra 60, tá igual, mudei pra 70, tá igual, mudei pra 80, tá igual. Você mudou pra 50, mudou! mudou pra 40, mudou de novo! Mascarei a via aérea mesmo então! eeeeeeeeee!!! (Uma orelha sempre depende da outra, e a óssea sempre ajuda)
Você esquecerá que ela existe, provavelmente só vai lembrar quando tiver um super gap e alguém fizer sua audiometria. Sua aérea responde em 55, mas sua óssea ta lá, em 15 por você.

Aquele moço hoje realmente deixou Deus comigo quando o ofereceu a mim. Quanta generosidade! E eu dei um bombom para a garotinha, ainda fingi que era bolo.
Tenho medo de que algumas coisas nunca mudem, tenho medo de que outras coisas mudem mas as vezes é o que falta pro mascaramento ser efetivo e ai a sua orelha não responde pela minha, e talvez minha audição piore mas a gente descobre meu limiar. É como se fosse só um desenho pra ilustrar e confirmar a sensação.

Eu ri porque eu entendi que tinha algo do amor naquele teste. Aquele era meu riso de quando eu sinto o amor.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Dos ciclos e dos espirais

Ela se olhava no espelho todo dia de manhã e era como se todo dia fosse a manhã anterior. Não sabia porquê, mas era sempre igual a manhã anterior. Nunca como a manhã seguinte.
E planejava todo dia antes de dormir, que na manhã seguinte seria diferente. Seria o depois de amanhã refletindo no presente. Seria como fazer algo com um objetivo à frente. E seria como sempre deveria ter sido, e ela se encontraria e viveria numa bola de neve gigante que cresceria a cada dia. Ela sentiria muito muito calor porque tinha (e de fato tinha mesmo) o coração e as palmas das mãos e as solas dos pés quentes, mas contra toda a física e o desfiladeiro, a bola de neve cresceria, e a seu lado todos os galhos de árvore e as pedras e as lombadas não fariam diferença, porque a bola dela seria tão grande tão grande, que absorveria todo e qualquer impacto. E ela ficaria com dor na barriga de tanto rir, porque se tem algo que ela gosta e sempre gostou, é girar sem parar mas mudando de lugar, por isso preferia os cadernos em espiral, mas gostava de cadernos em geral. Todos os dias ela planejava acordar nova, e isso era suficiente pra dormir respirando fundo e sem se mexer muito na cama, e embora ainda não tenha conseguido acordar e já de manhã se enxergar no amanhã do espelho, seu coração já é quente, suas mãos e pés tambem, ela já tem o caderno em espiral e sorri mais quando gira, mesmo que no chuveiro. Afinal ela já vai dormir, e amanhã pode ser que ela se enxergue na quinta-feira, assim simples pra começar, até a bola ficar maior.