segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O dia em que avisaram que a gente teria que ser grande

Eu não lembro de muita coisa da minha infância, mas das coisas que lembro, lembro com traços muito  bem delineados e com riqueza de detalhes, e lembro disso tão bem quanto lembro do que eu pensava o que queria para o futuro. 
Eu achei que seria atriz, eu achei que seria cantora, eu achei que seria dona de um bar-café. Hoje eu não sou nenhuma dessas coisas, mas de alguma forma eu direciono minha vida para caminhos semelhantes só que modelados e adaptados às habilidades que eu tenho já que não sou tão talentosa e corajosa para tentar o resto que no fim das contas é bem mais simbólico. Mas nunca por deixar de acreditar. Não lembro de pensar que eu seria um fracasso ou que teria uma vida triste. Acho mesmo que nunca pensei nisso e se pensei o destino foi o bastante para me fazer esquecer essa ideia estúpida.
Aí, se hoje me perguntassem se nesse momento que eu vivo agora, valeu a pena sonhar mesmo sem ter realizado o que eu pretendia, eu diria que sim. 
Ultimamente tenho pensado que as coisas acontecem de um jeito muito mais cinematográfico do que a gente projeta. Afinal tem coisa mais intensa e mais comovente que ter uma vida sem coisas gratuitas e sem sinais que apontam ou confirmam a direção?
Tem muita coisa que a gente não entende mas que a gente espera entender depois, então porque não fazer agora o que a gente entende agora?
O que eu entendo agora é que eu tenho saúde
O que eu entendo é que eu sou jovem
O que eu entendo é que eu te amo
O que eu entendo é que e você é forte
O que eu entendo é que o tempo passa
O que eu entendo é que as pessoas não são más
O que eu entendo é que um carro é só um carro e uma roupa é só uma roupa
O que eu entendo agora é que o agora deve importar mais que o antes e que o depois
Eu entendo que se o agora importar mais, um dia, o antes e o depois terão muito mais sentido.

A gente só sabe que aprendeu quando a gente tem que usar. A gente aprende sem saber o que vai aprender. A gente aprende a viver quando a gente corre o risco de errar e quando eu erro eu sofro e isso também é aprender.
O que eu aprendi e eu sei é que eu posso sonhar qualquer coisa, eu posso inventar qualquer coisa e quando eu invento as coisas passam a existir e abrem novos caminhos. Eu ainda tenho os mesmos sonhos, mas hoje tenho conquistas que são imensuráveis.

"Só o impossível acontece. O possível apenas se repete"

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Vazio

Tem um espaço que nada preenche. Nem coisas, nem livros, nem música.
Tivesse o dinheiro que fosse, o carro, a casa, o cabelo que fosse, tem um espaço que não se preenche.
Busca a pecinha que encaixa nessa espaço vazio em todos os lugares. Vai ao colégio, visita os amigos, trabalha, sobe de cargo, casa e tem filhos, viaja o mundo, almoça em restaurantes caros e compra roupas com etiquetas quase maiores que as próprias roupas, o espaço se mantém vazio.
Vai à igreja, compra flores, pratica yoga, encontra o amor. O espaço não se completa e dá cada vez mais sinais de que continua lá, vazio e precisando de conteúdo.
O que é e onde fica? É só o procurar? Ou descobre quando já é velhinho?

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

5 dias e os rituais

Te vejo em todos os lugares.
Tem um pouco de mim em cada coisa que eu passo a conhecer, mas todas são um pouco incompletas porque falta o toque especial. O toque especial na minha cor preferida, no meu prato favorito, na música que eu mais gosto, o toque especial é você.
Não é porque eu escolhi. Juro. É que era pra ser e inconscientemente a gente fez dar certo por um tempo, até que vimos que um tempo já tinha passado e percebemos que dali pra frente seria árduo. Seria triste, seria solitário, vazio e saudoso, mas era o preço a se pagar.
Não lembro de em nenhum momento a gente ter contestado ou considerado desistir. É a gente.
Um pouco tortinho, um pouco com vergonha no início, um pouco narizinho de batata mas totalmente autêntico e extraordinário. Então esse é o amor?
Mas não é aquela coisa que eu vi na novela do Sbt com o cara que amava a moça linda e pobre miserável?
Então o amor pode aparecer pra mim também? Pra mim que não fui estudiosa, que dormia fora de hora e comia biscoito em dia de semana? Eu mereço o amor? Caramba como sou sortuda!
Parece que a sorte nos dá o direito de se entregar, de correr o risco de sofrer muitas vezes mas de se apaixonar constantemente, inevitavelmente e se surpreender sempre.
Sinceramente eu não sei até onde vai e de verdade não sei nem pra onde vai. Mas é o tipo de viagem que a gente topa sem conhecer o destino, é o tipo de coisa que a gente arrisca e se entrega. Porque de verdade não é o destino, não é o prêmio que compensa. É o todo dia, é a dor misturada com a vontade. É o risco que a gente corre de morrer todos os dias, mas é o que nos dá a certeza de estarmos um pouco mais vivos a cada minuto.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Quando a gente muda o mundo muda com a gente

Não escrevo aqui faz tempo porque de verdade, ainda não consegui entender isso tudo.
Parece que tudo ao redor é diferente e eu percebo que o sentido das coisas muda quando você não está por perto.
E eu fico o tempo todo sendo forte e em estado de alerta porque eu não tenho você aqui e eu preciso me virar. 
Quando me divirto me culpo um pouco, quando não me divirto te culpo um pouco.
E na hora em que todo mundo me dá preguiça, na hora em que eu não quero explicar nada e não quero convencer ninguém de que eu sou sim uma pessoa até que boa, nessa hora só serve você. 
Eu me viro. Juro que me viro mesmo, mas esse limite entre a saudade e a tolerância é muito tênue e eu ainda estou aprendendo a me equilibrar. Quanto tempo dói antes de passar? Quantas vezes isso vai e volta? Quando eu posso te ligar e dizer que eu não aguento mais?

Para viver bem e não sofrer eu me envolvo num mundo que eu controlo e é perfeito e dentro dele eu faço o que eu quiser, qualquer coisa! Mas agora eu só quero estar por perto. Afinal o que significa ser livre?

 

segunda-feira, 9 de julho de 2012

domingo, 1 de julho de 2012

O nosso lugar

Acordei com frio na barriga. Eu sabia que seria difícil mas não esperava que meu corpo fosse prever e sentir o futuro antes de mim. Você ainda está dormindo aqui do lado e  é difícil acreditar que o oceano separa a gente amanhã no mesmo horário. Eu não tenho medo de ficar sozinha, meu medo  féicar sem você. E voce diz e me repete que e só a distância e que a gente continua junto e como antes, mas meu corpo não entende e acho que meu coração por enquanto só acredita nas coisas quando sente fisicamente um outro coração batendo perto de si. Eu sei que depois fica mais fácil, e que tem um monte de outras coisas boas e mais que nunca, tem mesmo. Mas voce me diz pra viver o sentimento que aparecer, e eu ainda te escuto. Tudo bem se o tempo passar, eu não tenho medo disso também, ou da gente se perder. Já foi imprevisto e surpreendente a gente se encontrar e mais ainda dar certo. É difícil pensar num futuro mesmo que curto assim porque a sua falta ocupa muito espaço em mim. Mas eu arrisco. Encaro porque vale a pena cada lagriminha, cada último abraço, cada dia de skype em fuso horários malucos, cada festa e domingo sem você, cada lembrança  e cada minuto de saudade, porque o seu e o meu amor preenchem um espaço infinitamente maior que qualquer falta é capaz fazer.

sábado, 28 de abril de 2012

O dia em que você foi embora

Eu te pedi para não me esquecer e lembro que você me olhou profundamente e não respondeu nada. Eu sei que aquilo era uma resposta positiva e mais verdadeira que qualquer outra afirmação que já foi feita, mas eu tive medo.
Eu vi suas malas, eu vi sua família, eu vi sua expressão e pra mim foi mais seguro ver apenas e estar inerte. Como quem vê sonolento uma cena de assassinato na tv e não se altera. Não se assusta, não se move e não se desespera porque por mais ofensiva que a cena possa ser, pra se proteger repete pra si mesmo quantas vezes forem necessárias: "é  só um filme".
Nesse dia eu me afastei porque não era justo estragar o seu momento mas eu não conseguia fazer aquele ser o meu momento também.
Eu era a irmã mais velha com ciúme do presente do irmão mais novo, eu era o cara que não subiu de cargo vendo seu colega ascendendo na carreira, eu era incompreensiva mas só eu sabia. E me sentia péssima por isso. E eu quis não te conhecer, eu quis não me importar, mas eu não podia e só podia ficar lá parada. Nem por você, nem por mim, nem pela gente, nem por todo mundo que a gente conhece e todo mundo que conhece toda gente que a gente conhece, eu não podia não sentir.
Era claro que eu precisava entender e eu entendia. Era claro que eu devia apoiar, e eu apoiava. Eu estava do seu lado porque você precisava de mim e eu jamais deixaria de estar lá. Mas quem me acode se é sempre você que me segura? Onde eu desabo depois que você vai? Como não ter medo do que vem pela frente se a minha proteção está sendo levada embora?
Eu descobri que eu sou egoísta e não posso te contar. Eu descobri que sou fraca mas preciso ser forte. Eu sei que nós estamos juntos mas me sinto completamente sozinha. Eu sei quem somos hoje mas e se eu for a mesma quando você voltar? E se eu não te acompanhar? E se eu te desapontar quando você perguntar se eu li uma notícia e eu não estiver atualizada? E se eu não entender suas piadas novas? Se eu estranhar o seu cabelo? O que acontece se eu não crescer também?

domingo, 18 de março de 2012

O que vem depois

Eu me sinto tão sua quanto me sinto eu mesma. E na nossa vida, a gente faz as coisas do jeito mais leve que existe, e escolhe as rotas e os métodos mais eficazes para todos os destinos.
A gente sempre está certo, e quando tivermos aposentados, a gente salva o mundo. A gente ama o que faz, a gente ama nosso espaço e não perguntamos um ao outro o que vamos fazer. A gente faz. E é tudo tão natural que um dia você veio mais cedo pra casa e eu também, porque a gente queria ficar junto e fazer o tempo passar e nos encontramos sem querer e sem saber, mas com uma exatidão quase planejada, porque a gente se leu de manhã na hora do café.
Nosso espaço é amplo, nossos cantinhos são pequenos e aconchegantes, nossa varanda é fresca e nossas meias quentinhas.
Eu te dou as boas notícias sempre com tom de brincadeira e você faz dos dias casuais os mais perfeitos. A gente dá risada e cochila, namora e cria receitas, viaja e faz faxina. Tudo isso dentro ou fora de casa, aqui ou no Japão, de uma ponta a outra da cidade ou em cada ponto do planeta, criando pontos, contando contos e tecendo uma rede invisível que liga a gente até onde nem as estradas e nem a internet chegaram hoje em dia.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Para o alto e avante

Talvez eu não saiba de tudo mesmo.
Quando eu não tenho resposta para nenhuma das minhas perguntas, talvez não seja porque tudo vai dar errado e eu nunca encontrarei respostas. Pode ser maior que isso.
Talvez tudo aconteça diferente e totalmente fora do planejado, por mais bem planejado que seja. E isso me parece bom o bastante por agora.
Quanto tempo dá pra viver com a certeza de que você não é isso que tem sido? Eu me enxergo bem perto desse limite, e de alguma forma alguns sinais (que se não forem sinais passam a ser) indicam que nada é por acaso, e o que te faz mal, e o que te faz bem, tem um porquê.
Eu posso não saber odestino, mas estou toda equipada para uma viagem longa e com surpresas. Só preciso lembrar onde ficou minha bussola.

Autobiografando

Eu que ja nem sei se tenho medo ou se é preguiça. Que acordo de manhã mas passo o dia como se estivesse dormindo tendo pesadelos muito reais e bons sonhos que não fazem sentido. Que na sexta a noite fico do lado de dentro da janela e quero ver gente mas não ver ninguém.
Para mim que o dia passa, que as horas voam, que deito logo pra acordar logo.
Eu que as vezes não vejo sentido, não vejo o próximo passo e não planejo. Que uso a criatividade pra fazer piada de mim mesma e os sapatos para esconder os pés.
Confundir angústia com só o anoitecer é normal?
Confundir sede com depressão é?
Não conseguir olhar pro futuro é desamor?
E essa menina sorrindo com o olhar vago e longe para o espelho como se visse através dele quer o que?
Essa eu sei quem é! Ela quer descobrir quem é usando interrogações no final das frases.