domingo, 30 de maio de 2010

Não entra no curriculo.

Por que não saber o que fazer parece tanto como não saber quem se é?
Hoje eu não quero falar mais nada.. eu quero só entender porque isso é tão parecido, e saber essas coisas precisam ser tão dependentes. Eu não aceito ser meio feliz e eu me vejo mudando e não é espontâneo. Eu me sinto boba por me adaptar, eu me sinto mais gorda tendo emagrecido, eu não gosto daquela roupa, eu não gosto daqueles termos.
Eu falo sobre coisas que não quero falar e finjo me importar e acreditar que isso funciona quando na verdade eu não me importo e ao mesmo tempo pessoas me fazem bem.
Meus pacientes me fazem sentir parte do que eu quero ser e eume sinto tão rica! Mas o que eu posso dar é muito menos do que eu quero dar e isso me lembra a lei do mínimo esforço. Eu não vou dar o mínimo e esse máximo me parece muito pouco. Será que estou vendo pelo lado dos estúpidos? Será que sou do time dos burros ou então dos pessimistas? Juro que tento não ser mas a minha esperança e meus sonhos tão persistentes parecem indicar que o caminho é esse.

Eu tenho medo e rezo pra isso não impedir que eu seja boa porque eu posso ser.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Control

Era uma vez uma menina que levou um choque quando criança, levou um choque na pré-adolescência e outro pouco tempo depois. Uns meses atrás levou mais um, e agora ela é um pouco mais cautelosa, embora chegue perto das tomadas e encoste nos interruptores. Embora ela abra a geladeira puxando pelo cantinho desencapado da geladeira, e sem chinelos. Embora ela ligue o chuveiro forçando o dedo cortado contra a torneira. Ela costumava brincar com o cachorro o tempo todo, e coçava a barriga dele porque isso parecia deixá-lo feliz, aliás como é feliz deixar alguém feliz sem precisar dizer nem ouvir nada! Mas um dia o cachorro num lapso de transtorno da mente canina virou num movimento rápido e brusco e a mão que coçava a barriga em poucos milésimos tornou-se petisco pro animal! Mas foi só um petisco, coisa que manicure desatenta faz no nosso dedo. A Denise (é esse o nome dela) ainda gosta do cachorro e joga o brinquedinho lá longe pra ele buscar e trazer de volta. Na hora de afagar a barriguinha, ela afaga, mas bem pouco e bem rápido para evitar quaisquer pormenores. Tudo isso pra dizer que a Denise ama o cachorro, ama a eletricidade e agradece todo dia por ela, mas tem medo das duas coisas. Tudo isso pra dizer que se um dia o cachorro morder ou ela levar outro choque, não a façam sentir burrinha. Não a façam se arrepender e por favor não digam "eu te avisei". Porque a Denise pergunta muito e pede opinião, mas é só porque vocês são importantes na vida dela. Ela pergunta as vezes pra se organizar, mas ela sabe o que faz. Ela não é burrinha e é dona de si própria.
Pensar em ser dona de si própria dá medo na Denise do mesmo jeito que o cachoror que ela ama, do mesmo jeito que a eletricidade indispensável, e vale a pena uma mordidinha, vale a pena um "brrrrrrr" na ponta dos dedos.

domingo, 16 de maio de 2010

"Não existe não morrer um pouco quando você chega."

Eu vago na vida.
Passo por ela e quem ve pensa as vezes que minha concentração no livro ou na arrumação do quarto me impulsiona. Quem olha acha que eu decidi quem vou ser quando crescer, e que meu jeito de fazer piada vai crescer comigo e minha risada vai ficar mais elegante.
Eu quase não tenho tomado água e minhas pernas são tão moles que doem quando eu pulo porque pulam sem sincronia.
Será que eu espero demais? Será que eu exijo demais?
Pensar nas etapas as vezes conforta, as vezes não. Ninguém aqui toma atitude. Ninguém perto de mim. Isso é normal?
Eu quero sentir mais vida que hoje, por exemplo.
Criança tem mais vida só porque tem mais tempo pela frente ou velhinho tem mais tempo porque o tempo de trás ja é todo dele? A criança se cansa rápido e o velhinho ainda tem sonhos.
Não se morre na praia. Não se nada em vão.

Qual o medo afinal?

O prazo

E se você soubesse do tempo que tem pra ser feliz?
Mesmo que fosse só 15 minutos, mesmo se fosse um dia, mesmo se fosse a vida toda. Se você soubesse quanto tempo tem pra ser feliz, pra sair de perto da gente chata, pra dançar do jeito que gosta, pra tirar o sapato que machuca e ter o corpo que quer. Pra estar com gente bonita, com gente que sorri e fala coisas engraçadas sem ninguém perceber. Eu procuro um propósito mas eu não ando reto. Eu presto atenção no caminho porque acho difícil ter um destino brilhante se eu andar no caminho cinza com cheiro de doce.

Eu tenho amor em mim, eu tenho coragem e força mesmo quando estou cansada e um pouco feia. E quando o propósito é meu, quando é o meu sono, quando é a minha saúde, quando é o meu trabalho pra mim mesma, vale a pena. Mas eu quero deitar no colo, eu quero me cobrir e tomar leite quentinho pra esquentar o coração.

E a dor e o descanso é mesmo só você quem faz, e nos dois casos eu me sinto só.