domingo, 12 de setembro de 2010

Epifania

É isso que eu sou. É assim que imagino viver e a única maneira de se viver. Eu estive dentro de mim como se este fosse não obviamente o meu lugar! Eu sou isso! Eu amo e sou grata a todos, e sou grata a mim e tento levitar para agradecer a Deus. Este é o meu lugar e não importa muito todo o resto, ou importa tudo, e eu sinto o mundo girar dentro de mim. Eu sinto a criança nascer, eu sinto a criança andar, eu sinto as primeiras palavras, o primeiro dia da escola, a primeira namorada, o primeiro dope, o primeiro emprego, meu carro, minha bolsa, a gelatina, a fábrica, a máquina, as roldanas, a fumaça, a faxina, a melancolia e a epifania. Eu soube o que é tudo e eu vivi tudo isso e amei cada segundo com a certeza de que pode durar mais que isso e eu não preciso temer o fim porque isso só se vai quando eu me for.
Eu não suporto toda essa leveza e eu quero tudo para mim, eu quero tudo em mim e eu quero transbordar porque não cabe em mim tanta alegria. Eu quero inaugurar uma fonte porque eu não posso dar só amostras grátis e causar fissura.
Eu me apaixonei pelo que eu senti e preciso desesperadamente encontrar a fonte, porque toda, e nenhuma e qualquer palavra é boa o bastante e eu sou amadora, principiante e leiga mas não posso encontrar um ponto final nisso.
Eu não sei o que faço com esses limões que por muita sorte acaso e destino pararam em minhas mãos, mas carregá-los me dá a certeza de que ainda há o que buscar e de que há uma fonte inesgotável, porque minha intuição me guia cegamente e meu coração está insaciável.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Mito

Eu não saberia dizer o quanto tenho em mim do que eu gostaria de ser, e o quanto disso é visível.
Você me vê? Você realmente sabe quem eu sou?
Eu posso ser apenas o que você deseja, eu posso parecer apenas o que te convém porque é isso que eu faço também. Eu não vejo seu defeito.
Eu tenho aceitado muito pouco de todos nós. Eu tenho cobrado e voces tem me cobrado muito mais do que eu devo dar, ainda que eu seja capaz de dar mais sempre. Eu sou mais capaz que isso.
Eu mereço coisas maiores. Eu não posso ser tão pouco.
Eu vou e volto. Eu cresço e diminuo e deixo me levar, mas não vale a pena sempre. Nem toda dor vale a pena, e algumas coisas provam isso, mas eu não fico parada. Muitas vezes eu me mexo demais.
Não me deixa parar de crescer. Me coloca num lugar seguro mas que eu saiba que está certo. Eu tenho medo de sentir pra sempre, eu tenho medo de não sentir. Eu tenho uma vontade que é diferente de fome e eu perco coisas do passado. Eu não sei encaixar essas peças e não tenho tempo de perder esperanças. Isso vai além da roupa ou do corte de cabelo que combina mais comigo agora. Eu confundo a minha alma.