segunda-feira, 5 de julho de 2010

.No peito

Quanto a gente aprende com a dor?
Qual o componente da dor que nos faz crescer? É o desespero? É o queimar ou é a raiva?
Porque na dor se sente raiva. Raiva de si mesmo, insulto a própria alma e de tudo que for inanimado e não tem culpa.
Eu sei da dor e sei que se aprende com ela, mas tenho aprendido a ver menos a beleza e não sei o quanto isso me engrandece. Eu sei que isso me dá mais dor, e se na dor se cresce mais eu posso ser gigante? Eu sou arranha-céu.
A dor é só sua. Ninguém a sente mas a sua vontade de gritá-la para o mundo ultrapassa os limites da derme, ultrapassa os limites dos ossos e do sangue e dos pêlos. Ela cresce para dentro e a vontade de gritar é uma tentativa de tirá-la do útero. Porque ela dói profundamente. E ela dói protegida, porque aparentemente nada parece ferí-la, como num útero.
A gente gera a dor. A gente cuida dela, a gente cria expectativas sobre ela. O que será a dor? É menino? Com quem se parece mais?

Por que é que o meu coração fica tão desprotegido e tão alcançável enquanto a dor fica quentinha e segura? Por que é que me dói se eu finjo esquece-la?

Eu me preocupo e tenho medo da dor pensar que eu a amo por amar tantas coisas. E se isso a fizer crescer?
Eu preciso parir a dor, mas eu não posso coloca-la no mundo.