quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Das páginas em branco


O que aproxima a gente dos nossos destinos é o impulso.
São as ações de sopetão, as reações aos imprevistos e o desvio do que parece ser o caminho óbvio.
Na teoria, o imprevisto pode ser ruim. Os golpes de estado que não dão certo, não dão pelos imprevistos, os gastos de última hora se dão pelos acasos... Mas e as soluções? Não são as idéias brilhantes quando parece não haver idéia que fazem as verdadeiras maravilhas acontecerem?
Não são os problemas sem solução que mais motivam a nossa criatividade? E então?
Então a gente se solta no mundo, se arrisca pra viver. A gente sai da forminha, do molde em que estamos e deixamos o mundo para nos deixamos levar. E a gente se questiona se há um limite. Onde fica o respeito pelo que a gente é hoje quando a gente joga tudo pro alto pra se transformar no amanhã? É o que foi até agora que importa, é o amanhã que importa ou são as transições? 
Penso que sim, e que são os intervalos, as lacunas que nos movem. É o período entre um expediente e outro no trabalho, são as férias, o fim de semana, os apagões, os vazios, os espaços e o preenchimento deles, os momentos sem controle, as vagas disponíveis e a ausência das paredes. Porque quando não tem mais nada, quando não se tem relógio ou calendário, quando a gente não tem parâmetro nenhum, é que a nossa consciência movida a prazos e rotinas se cala, e deixa falar alto e sem rédeas a voz do coração.