segunda-feira, 27 de julho de 2009

Construir

Mudar assusta, mas tem sido cada vez melhor. Só acho uma pena que a gente esqueça tanta coisa que acontece na vida, e que algumas memórias sejam infinitamente irreversíveis. Penso nos lugares que já estive e nos lugares onde morei e nas lembranças que ficaram lá. Nada que eu queira reviver, mas coisas que eu gostaria de poder arquivar de forma mais nítida.
As coisas envelhecem, são demolidas, são reformadas, são recriadas, e tudo devia ficar gravado pra gente ver no futuro o quanto cresceu, o quanto enriqueceu e mudou.

Na frente de casa tinha um jardim e um pinheiro. Eu subia o portão, sentava na caixa de luz e de la via os coelhos da vizinha, o papagaio do vizinho da frente e o seu Zé que vendia mandioca e carregava um macaquinho no ombro.
A gente devia ser convidado a se despedir do que iria mudar, tomar um vinho de frente para o passado e sentir de novo pela última vez o que dali pra frente seria o começo da lembrança de outro alguém. Acontece é que nada muda de uma vez. O ensaio é de longa data e as mudanças são constantes. É que é difícil perceber.

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