quarta-feira, 2 de março de 2011

O que eu espero

Eu me assusto quando me confundo com o que eu faço. Ser uma profissão não me parece grande coisa dentro do que eu faço, embora ser alguém, uma pessoa responsável, um humano coerente e sentimental dentro de uma profissão pareça bonito e muito profundo. Ser pintor é inanimado, as vezes é só um bom pincel, ter um coração pintor que cria e renova é que deve ser legal. Ser médico é ter um guarda pó e um estetoscópio, ter um coração médico é amar alguém e dar todo o seu esforço por esse alguém, e alguém que é conhecido, porque se o médico não conhece o paciente dele, ele é só o guarda pó e o estetoscópio.
Eu tento ouvir o que meu coração quer que eu seja, mas tento botar meu cérebro de frente pra ele, pra que eles descubram juntos pra onde eu devo canalizar meu amor e como fazer dinheiro com isso, embora cada vez menos eu pense no dinheiro.
O que sei é que eu não deito cedo a toa, eu não me afasto ou me isolo a toa. Minha profissão faz um pouco disso por mim nesse momento, meu corpo pede um pouco disso agora, mas mais que isso, meu coração fica tímido onde muita gente fala, e fica muito difícil escutar o que ele diz, ainda mais na língua que ele fala, para a qual eu ainda sou iniciante com pé no básico I.
Eu espero, e eu não espero parada. Meu coração está se empenhando muito e dando o máximo de si pelas pessoas que se colocam diante dele, tem batido mais forte pra dar conta de bombear diagnósticos, orientações e estratégias facilitadoras, mas a noite ele volta a bater de acordo com o que meu peito aguenta, e o que meu peito aguenta agora é a espera ansiosa, é o silêncio e a busca pela roupa e o instrumento certo que ele deve usar pra se refugiar e seguir em frente.

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