terça-feira, 23 de agosto de 2011

You can hear but you can't say

É engraçado que essa coisa de rodar rodar e parar no mesmo lugar acontece mesmo.
Faz cinco anos, e eu lembro como se fosse hoje. Estar sozinho é igual em qualquer lugar e aparentemente em qualquer época. Eu me sentia todas as Laíses que eu podia ser, a Laís ansiosa, a Laís ilusionista, a Laís sarcástica, a auto-piedosa... E eu tinha pra onde ir, mas preferi ficar sozinha porque ir pra um outro ligar tendo em mente que a meta é simplesmente ir pra não ficar parado é certeiro. É chegar lá e lembrar que por mais que a angústia seja a mesma, no quentinho da própria cama é mais fácil de persuadir. E eu tentei, nesse dia que ficou cinco anos no passado, ir pra outro lugar. Mas em casa eu controlava o choro, fora era mais difícil. Talvez porque a Laís sarcástica e a mais baixinha, a otimista, dão uma força pra ansiosa-auto-piedosa. O fato é, que quando a gente não consegue mais dizer nada, quando dizer "eu tô bem" soa mais mofado que "eu tenho uma doença progressiva", é melhor mesmo não dizer nada. Porque no mundo alguém um dia sentiu algo parecido. Ou você simplesmente está tão aflita e ávida por um apoio que palavras certas de outro alguém suprem a anomia do seu não-conseguir-dizer. E as coisas mudam, a gente cresce, muda, e mesmo voltar a ser o que era é mudar. Eu lembro que eu ouvi e eu não precisei mais me preocupar. Doer era normal, passar seria normal. Eu coloquei bem baixinho pra ouvir e daqui a pouco eu vou dormir. Amanhã vai passar.

A palavra certa

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